é a segunda maior elevação de Portugal Continental.
O cume atinge 1546 metros de altitude, segundo folha do Instituto Geográfico do Exército. Faz parte do sistema montanhoso da Peneda-Gerês.

O Parque Nacional da Peneda-Gerês é considerado pela UNESCO como Reserva Mundial da Biosfera.


Até ao momento, foram recenseadas, no PNPG, 226 espécies vertebrados, o que é bem representativo da diversidade faunística merecedora de destaque a nível nacional e internacionalmente protegidas pela Convenção de Berna, 65 das quais pertencem à lista das espécies ameaçadas do Livro Vermelho de Portugal.

Foram inventariadas oito espécies de Quirópteros, três das quais consideradas em perigo de extinção. Trata-se respectivamente do Morcego-de-ferradura-grande (Rhinolophus ferrumequinum), do Morcego-de-ferradura-pequeno (Rhinolophus hipposideros) e do Morcego-de-ferradura-mediterrânico (Rhinolophus euryale). A comunidade de morcegos presente no Parque revela características principalmente atlânticas, embora com elementos sub- mediterrâneos, como Rhinolophus euryale. A presença do Morcego-arborícola-pequeno (Nyctalus leisleri) na Mata de Albergaria atesta a importância da conservação das já raras manchas de floresta natural em Portugal.



Ocorrem outras espécies com particular importância em termos de Conservação da Natureza, como o Musaranho-dos-dentes-vermelhos (Sorex granarius), a Marta (Martes martes) o Gato-bravo (Felis silvestris), a Salamandra-lusitânica (Chioglossa lusitânica), espécie endémica do noroeste da Península Ibérica, tipicamente associada a regiões montanhosas com índices de precipitação elevados ou as Víboras (Vipera latastei e Vipera seoanei). A última destas sub-espécies é um endemismo do Norte da Península Ibérica, cuja distribuição em Portugal se restringe às zonas de Castro Laboreiro, Soajo e Tourém.
Salienta-se, ainda, a ocorrência do Lobo (Canis lupus), espécie estritamente protegida pela Convenção de Berna e considerada em perigo segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal.



Espécie emblemática do PNPG, o Corço (Capreolus capreolus) encontra-se razoavelmente bem distribuído pelo Parque, com vários núcleos populacionais em situação favorável.



Os cursos de água de montanha, muitas vezes referenciados como rios truteiros, pelas suas características propícias á Truta-do-rio (Salmo truta).


Os cursos de água de montanha representam ecossistemas de grande importância e biótipos preferenciais de espécies representativas da fauna do Parque, nomeadamente : Toupeira-de-água (Galemys pyrenaicus), cuja área se restringe às regiões norte da Península Ibérica e aos Pirineus franceses;

 



Lontra (Lutra lutra), carnívoro bem adaptado aos sistemas dulciaquícolas e em declínio populacional na Europa, encontra na área do Parque Nacional condições propícias à sua existência, nomeadamente cursos de água onde a disponibilidade alimentar é suficiente e presença de vegetação das margens permite condições de abrigo;
                               


Lagarto-de-água (Lacerta schreiberi), espécie da região ocidental da Península Ibérica, habita nas regiões montanhosas e suas orlas, junto de cursos de água com cobertura vegetal;

 

Rã-ibérica (Rana iberica), endémica da região noroeste da Península Ibérica, em Portugal é sobretudo uma espécie de regiões montanhosas, embora se encontre em zonas periféricas mais baixas.


No que à avifauna diz respeito, a análise biogeográfica mostra, entre os vários grupos avifaunísticos presentes, espécies de origem paleárctica (35%), europeia (16%), holárctica (11%), euro-turquestana (9%) e mediterrânica (6%), denunciando a existência quer de ambientes de carácter nortenho (eurosiberiano) quer meridional (mediterrânico). O encontro destes dois elementos é bem assinalado pela presença simultânea de espécies como o cartaxo-nortenho Saxicola rubetra e a toutinegra-de-cabeça-preta Sylvia melanocephala.

A análise comparativa da avifauna da Peneda-Gerês e do território continental português demonstra, por outro lado, a importância desta região do ponto de vista conservacionista. O número de espécies que aqui nidificam corresponde a 58% do total de nidificantes descritos no Atlas das Aves que Nidificam em Portugal Continental e a 39% das espécies mencionadas no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. De acrescentar a presença de aves consideradas vulneráveis, raras ou em perigo, algumas delas limitadas ao extremo norte do país como é o caso do picanço-de-dorso-ruivo Lanius collurio, da petinha-das-árvores Anthus trivialis, da petinha-ribeirinha Anthus spinoletta, do cartaxo-nortenho Saxicola rubetra, da felosa-das-figueiras Sylvia borin e da escrevedeira-amarela Emberiza citrinella. Refira-se a presença do tordo da espécie Turdus philomelos, de que até há pouco não havia nidificação confirmada em Portugal.

Dentro da variada avifauna aqui existente constituída por 111 espécies nidificantes, 10 invernantes e 42 acidentais ou migradores de passagem destaque-se também a águia-real Aquila chrysaetos, o falcão-peregrino Falco peregrinus, o tartaranhão-azulado Circus cyaneus e a narceja-comum Gallinago gallinago.


De destacar finalmente a extinção do galo-montês Tetrao urogallus (em data desconhecida) e da perdiz-cinzenta Perdix perdix provavelmente na primeira metade do presente século.

fonte: http://www.icn.pt

O cavalo Garrano é uma raça de cavalo nativa do Norte de Portugal, utilizada desde há muitos séculos como animal de carga e trabalho. Devido ao seu tamanho é considerado um Poney.
Este animal, de apascentação livre na raia galaico-portuguesa, há muito que aí vive, fazendo parte da riqueza pecuária dos povos da região.
Nos finais do séc. XIX, com a submissão ao regime florestal do maciço da Peneda-Gerês e de tantos outros montes do nosso País, o garrano viu diminuída a sua importância, quase chegando a desaparecer. Mas em 1943, por determinação do sub-secretário de Estado da Agricultura, foi constituído um pequeno grupo destinado a preservar a raça "em liberdade e no seu ambiente próprio", medida integrada numa ampla acção de criação de reservas de animais autóctones em todos os perímetros florestais.

A rede Trilhos pedestres Na Senda de Miguel Torga pretende, por um lado, ser uma homenagem a um dos maiores vultos da literatura portuguesa que durante mais de quarenta anos calcorreou estas paisagens e aqui escreveu alguns dos seus melhores poemas, e por outro lado constituir-s eocmo um guia, que posisbilite aos amantes da natureza fruirem o património natural e patrimonial de Terras de Bouro em toda a sua plenitude.

Antonio José Afonso - Tilhos pedestres na Senda de Miguel Torga
 

 

 

 




 




 





Aqui poderá encontral algumas das localidades de referência do Parque nacional da Peneda Gerês bem como locais referenciados como tursticos

Castro Laboreiro
 
Castro Laboreiro é uma freguesia pertencente ao concelho de Melgaço e uma das mais procuradas pelos visitantes devido ao facto de ter um tipicismo singular. Abrange uma superfície de 89,29 km2 e tem uma população de aproximadamente 2000 pessoas. O seu nome deriva de «Castrum» - povoação fortificada pelo povo castrejo, fixando-se em outeiros vivendo em comunidade, defendendo-se das tribos invasoras; «Laboreiro» vem da palavra latina «Lepporeiro».
Embora algumas referências documentais permitam sustentar que existiria um castelo anterior, a fortificação actual do Castelo de Castro Laboreiro data da segunda metade do séc. XII e a sua edificação é geralmente atribuída a D. Dinis. A planta revela padrões góticos bem patentes na integração de cubelos e pequenos torreões nos panos da muralha da alcáçova. Arruinado e parcialmente desmontado no séc. XIX, conheceu na segunda metade deste século uma pequena intervenção de limpeza e conservação.

O Pelourinho é um dos pontos fulcrais desta localidade. Este pelourinho é de estilo manuelino e a sua construção deu-se em 1560. A Ponte da Dorna, construída nos limites do lugar do mesmo nome, liga as margens do Ribeiro de Dorna e possui um arco de volta inteira. O seu estilo corresponde à época medieval, baseando-se no formato das suas aduelas (em cavalete). Construída num belo recanto onde se podem gozar momentos de lazer, encontra-se quase oculta pela vegetação que a cerca. Esta ponte integrava a via romana que ligava Portela do Homem a Terra-Chã/Mareco - Castro Laboreiro. A Ponte da Capela, edificada sobre o Ribeiro de Barreiro, liga as suas margens no sentido Norte/Sul e a via romana desde Açoreira até Castro Laboreiro. Quanto ao seu aspecto, existem dois estilos bem distintos de duas épocas diferentes: período romano e medieval). É uma das pontes que mais interesse desperta pela sua singularidade. A Ponte da Cava Velha foi implantada no sentido Norte/Sul sobre o Rio Laboreiro e possui dois arcos de volta inteira. A implantação da ponte é típica dos monumentos do Império, sendo o seu acesso feito por duas curvas. A calçada que parte das suas margens é aparentemente romana, tal como os arcos que a compõem (pela forma das aduelas e existência de almofadado). O enchimento entre os arcos surgiu posteriormente. 

A Ponte da Varziela é uma construção medieval com duas aduelas perfeitamente iguais. Esta ponte veio substituir, na Idade Média, uma ponte Romana. As suas margens estão ligadas por vias romanas em curva, sendo uma das características das pontes romanas. Junto à ponte e na margem direita da mesma, existe um «nicho» construído em granito da região, denominado por «As Alminhas de Varziela». A Ponte das Cainheiras, edificada sobre o Rio Cainheiras e constituída por dois pequenos arcos de volta inteira, constitui um belo exemplar das pontes romanas do império, com as aduelas de tamanho regular e com um «talha mar» apenas a montante. A sua entrada e saída são em curva. Encontra-se implantada num sítio ameno, cheio de verdura e encanto, cercada por lindos campos de feno e centeio que comunicava com dois povos castrejos (Por de Castro e Curral Velho).

A Ponte Velha é uma construção romana e possui um arco de volta inteira. As aduelas são muito regulares e perfeitas. No entanto, os maciços que constituem o tabuleiro são bastantes irregulares, pelo que se pode presumir que tenham caído durante uma possível cheia e tenham sido reconstruídos em plena Idade Média ou Contemporânea. A jusante desta ponte existem inúmeras caldeiras, abertas pela água em duro granito durante muitos anos. A Ponte do Rudeiro é uma ponte de considerável grandeza, de um só arco de meio ponto, com os dois acessos em curva e as aduelas bem trabalhadas. O tímpano entre a parte superior do arco e o tabuleiro são de pedra irregular e sem arte. Enquadrada num vale apertado, mas cheio de verdura, é um belo local de descanso e silêncio, quebrado apenas pelo coaxar das rãs e o murmúrio das águas, que deslizam vagarosamente entre as pedras do rio.

A Ponte das Veigas, construída sobre o Rio do Porto Seco, tem um só arco de meio ponto. Esta ponte ligava a principal via romana e, mais tarde, o único caminho municipal de Castro Laboreiro a Melgaço. Possui características de uma ponte medieval. Os mais antigos dizem que era sobre esta ponte que se realizavam os baptizados das crianças ainda dentro do ventre da mãe, para que não morressem ao nascer. A primeira pessoa que passasse na ponte nesse momento, teria a responsabilidade de consagrar o acto. Finalmente, a Ponte Celta dos Portos, construída sobre o Rio Portos, num local aprazível, tem cinco olhais. O seu tabuleiro é sustentado por asnas e sofreu várias reconstruções ao longo dos tempos. Inicialmente, era guarnecido por uma cornija muito trabalhada, anexando-se um «papo de rola». A sua construção reverte-nos para o estilo que os castrejos empregaram na construção dos seus fornos crematórios.

Existe uma mancha megalítica que se encontra dispersa por uma área superior a 50 km2, pontuando a despida vastidão planáltica da parte nordeste da freguesia de Castro Laboreiro, a uma altitude superior a 1100 m. Nesta mancha existem cerca de uma centena de monumentos megalíticos. O percurso é feito do seguinte modo: Castro Laboreiro - Rodeiro-Alto da Portela de Pau - Pedra Mourisca - Alto dos Cepos Alvos - Portos –Varziela - Castro Laboreiro. É feito em viatura todo-o-terreno ou a pé, durante cerca de 6 horas.

São vários os moinhos que se integram nesta localidade. Têm a função de converter os cereais (nomeadamente o centeio e o milho) em farinha. Este produto final iria servir para fazer as bem conhecidas Broas de centeio ou milho. O milho, além de servir para fazer as broas, também era usado para fazer uma outra especialidade da zona, a Sopa de Farinha.

Os fornos comunitários eram utilizados pelos habitantes da localidade com o objectivo de cozer (na maioria dos casos) a massa da broa que tinham acabado de fazer. Eles tinham a preocupação de fazer grandes quantidades de broa para evitar tirar a vez aos restantes habitantes. O material utilizado na sua construção era a pedra, mas ao longo dos anos o seu estado de conservação foi-se degradando. Nos dias de hoje, poucos são os fornos utilizados com esta finalidade. 

Os espigueiros são constituídos por uma câmara estreita com paredes aprumadas de fendas verticais para arejamento. Assentam numa base de pés simples rematados por cornijas ou capiteis salientes, de forma a impedir o acesso dos roedores. O soalho é constituído por um lastro de pedra com lajes longitudinais. No topo frontal do lintel da porta, existe uma cruz. Destinam-se à recolha de cereais dos proprietários.

Em Castro Laboreiro existem 44 aglomerados populacionais, que se dividem em brandas, inverneiras e lugares fixos. As brandas localizam-se nas franjas do planalto situado a norte, entre 1100 e 1150 metros de altitude. Ao longo do curso médio das linhas de água, encontram-se os lugares fixos, entre os 950 e 1050m. Mais abaixo, na base dos vales, em áreas muito irregulares e de difícil acesso, encontram-se as inverneiras, entre 700 e 800m de altitude. 

Esta localidade tem várias festas anuais, destacando-se as que são em honra à Senhora da Visitação e S. Bento (13 de Julho); Senhora da Vista, Senhora do Bonfim, Senhora de Monserrate; Senhora dos Remédios (Agosto, dia a fixar); Senhora de Anamão, Senhora da Boa Morte, S. Brás e S. Miguel «O Anjo» (Setembro, dia a fixar).

Cabreiro
 
Freguesia montanhosa de onde se podem avistar várias outras freguesias. É atravessada pelo Rio Vez e por um afluente dele, o Cabreiro, que aqui nasce. As suas águas são velozes e servem para fertilizar os campos de cultivo. Esta povoação fica a cerca de 12 km de Arcos de Valdevez e possui uma população de cerca de 840 habitantes, cuja principal actividade económica é a agricultura. É delimitada a Norte pela freguesia de Sistelo, a Este pela freguesia da Gavieira, a Sul por Gondoriz e a Poente pelas freguesias de Sá e Loureda.

Esta freguesia tem uma lenda, chamada «O Velho de Cabreiro», que conta que sempre que os mais idosos se encontravam inválidos, os filhos pegavam neles e empurravam-nos pelo precipício sobranceiro ao poço de Ola, no rio Cabreiro. Este costume cessou quando o pai de um destes jovens lhe disse para guardar metade do cobertor em que ia enrolado, pois o mesmo iria acontecer com ele. Ele, reflectindo no que estava a fazer, pegou no pai e levou-o para casa.
A Igreja Paroquial é um edifício arquitectonicamente singelo, apresentando uma planta de igreja em salão com uma só nave. São cinco as capelas que fazem parte da freguesia de Cabreiro: Capela de Santo Ovídio, Capela de S. Paio, Capela de S. Bartolomeu, Capela de S. Sebastião e Capela de Nossa Senhora das Necessidades.A Ponte de Cabreiro integra-se na estrada que liga Arcos de Valdevez ao interior da Galiza através da Serra da Peneda e Castro Laboreiro. Servia grande parte das brandas da vertente poente da Serra da Peneda. Trata-se de uma construção medieval, sendo constituída por dois arcos desiguais, sendo um ogival e o outro de volta inteira. Ostenta uma inscrição em caracteres góticos alusiva ao fundador, um abade de Cabreiro que viveu no séc. XV.Próximo da ponte, existem quatro moinhos de água de um rodízio, alimentados por uma levada abundante. Um deles foi reconstruído em blocos de cimento, dois possuem paredes de pedra e telhado de telha antiga e o outro tem paredes de pedra e telhado de latão. Apenas dois trabalham; os restantes estão desactivados.A Casa de Avelar situa-se na encosta da Serra do Ramiscal, a 580m de altitude. É uma casa tipicamente rural, cuja situação permite desfrutar de uma magnífica vista panorâmica sobre a Serra da Peneda.A calçada e os campos vizinhos acolhem muitas ramadas que, no Verão e no início do Outono, conferem ao local um agradável toque do Minho.O Monte de Castro é um local que possui vestígios de antigas muralhas castrejas, onde se pode desfrutar de belas paisagens. As pessoas mais antigas desta freguesia diziam que aí existiam tesouros encantados, o que levou a várias escavações. No entanto, não tiveram bons resultados. Ligado a este castro e ao seu povo está a lenda do «Velho de Cabreiro».
É nesta freguesia que é produzido o Queijo da Cachena.


Pitões da Junias

 O Mosteiro de Santa Maria das Júnias fica entalado num vale, por onde corre o rio Campesinho. De todas as construções, apenas a igreja conserva o seu telhado; o resto são paredes em ruína.Localiza-se num território completamente isolado e foi consagrado à Senhora das Unhas que, por simplificação fonética, se tornou Senhora das Júnias. A antiguidade do edifício da igreja é atestada pela inscrição gravada na face exterior do muro da igreja que delimita o cemitério, junto à porta lateral: ERA: MCLXXXV. Assim, o ano de 1147 será a data provável da fundação do mosteiro das Júnias.

 Chega-se ao mosteiro por um caminho de pé posto, a partir do cemitério de Pitões. Do alto da ladeira íngreme que leva a S. Maria de Júnias, tem-se uma visão do conjunto dos edifícios. O espaço ocupado forma um quadrado irregular. Sobre a nossa esquerda, o corpo da igreja com a fachada principal está virada para nós, assim como a capela-mor, junto ao ribeiro. Mais para a esquerda da igreja, encontra-se o espaço do cemitério. Para o lado oposto, a partir da fachada principal, fica a portaria, com acesso ao conjunto dos edifícios residenciais, virados para um pátio central. No centro do quadrado, fica o vazio do claustro de que restam apenas três arcadas quase anãs. Perpendicular à igreja, nascendo da capela-mor, e acompanhando o correr do ribeiro, está o resto de um corpo de dois pisos que compreenderia a sacristia e a casa do abade. A Aldeia Velha de Juriz fica no lugar de Aldeia Velha, a SO de Pitões. O acesso faz-se a pé pelo carreteiro que liga Pitões à capela serrana de S. João de Fraga. Sensivelmente a meio do percurso, já em pleno carvalhal de Beredo, vira-se à direita. Este povoado abandonado tem arruamentos lajeados e vestígios de uma pequena fortificação, talvez uma atalaia. Poder-se-á tratar da aldeia de Sancti Vicencii de Gerez referida nas Inquisições Afonsinas de 1258. Foi provavelmente desocupada no séc. XV.

Há um Forno do Povo, mas há já cerca de dois anos que não é usado. Todo construído em pedra, foi recuperado pelo PNPG. Existe também um moinho de um rodízio anexo ao mosteiro, construído em pedra com cobertura de colmo. Foi recentemente recuperado. No centro da aldeia existe um relógio de sol colocado na fachada de uma casa particular. No mosteiro, existe outro relógio de sol. A Mancha Megalítica do Planalto da Mourela é formada por 13 monumentos com «tumuli». Distribuem-se pelas chãs e portelas do planalto da Mourela: um em Lama de Porto Chão, um em Portela da Moura, três em Ramisca, freguesia de Covelães, um na Portela do Ouroso, três na Chã dos Forninhos e quatro na Fraga da Moura, freguesia de Pitões das Júnias. Com mamoas de dimensões variáveis e razoavelmente conservadas, quase todos estes monumentos apresentam vestígios da câmara.
Há quatro vezeiras que totalizam mais de 3000 cabeças. Também existem muitas vacas nesta aldeia e é um espectáculo invulgar assistir ao seu regresso à aldeia pela estrada que liga a povoação a Covelães e Tourém.A festa de S. João da Fraga decorre entre os dias 24 e 25 de Junho. Na noite do dia 24, faz-se uma procissão e festa à volta do centro de Pitões. No dia 25, todas as pessoas vão a pé até à fraga de S. João, que fica bastante afastada, levando o merendeiro para lá almoçar.
 

Lindoso

 Lindoso dista 25 km da sede do concelho. Esta freguesia tem cerca de 1300 habitantes, que se dedicam essencialmente à agricultura e pastorícia. O topónimo Lindoso deriva de «Limitosum». O castelo, reconstruído em 1278, serviu para defender o Lindoso e Portugal, sendo um motivo de orgulho para os habitantes desta freguesia e muito apreciado por quem o visita. Lindoso é composto pelos lugares de Castelo, Cidadelhe e Parada.

O Castelo do Lindoso é um monumento com funções defensivas. Assumiu particular importância no período de conflitos militares com Castela. Surgiu nos princípios do séc. XIII. Nas Guerras da Restauração, no séc. XVII, assumiu uma grande importância pela sua localização fronteiriça. No seu interior, as muralhas, as casas do alcaide e da guarnição, a capela e o forno, entre outros, encontram-se em ruínas.

A Citânia de Cidadelhe situa-se a cerca de 100 metros do lugar de Cidadelhe. Tratam-se de vestígios arqueológicos de uma citânia situada numa plataforma sobre o Rio Lima. Certos historiadores situam aqui a cidade romana de Bretalvão ou Flávia Lambria.

Existe uma eira composta por 50 espigueiros dos séc. XVII e XVIII. Situa-se junto ao Castelo de Lindoso, e apresenta um aglomerado único no país e de rara beleza. Inteiramente de pedra, cada exemplar apoia-se em vários pilares curtos, assentes na rocha e encimados por mós ou mesas. Sobre eles, repousa o espigueiro que tem uma cobertura de duas lajes de granito unidas num ângulo obtuso, ornamentado nos vértices com cruzes protectoras, que também servem para arejar o espigueiro.

A  cerca de 20 km a jusante da localidade, encontra-se a Barragem de Touvedo que, para além da produção de energia, complementa a Barragem do Alto Lindoso, modulando os elevados caudais que esta turbina debita (250 m3 no conjunto dos dois grupos) e lançando-os para jusante devidamente controlados. A Barragem de Touvedo assume desta forma uma relevante função regularizadora, evitando variações acentuadas num troço do Rio Lima.

A festa de Santa Maria Madalena realiza-se no primeiro domingo depois de 22 de Julho. Na procissão, o andor com a santa é transportado num carrinho de madeira, devido à crença num milagre que terá ocorrido no local: um homem terá pedido à santa que o aliviasse de um mal incurável numa perna. Como paga, ele ofereceria um carrinho para transportar a santa, dada a grande distância entre o Lindoso e a Madalena. O milagre realizou-se e a promessa foi cumprida. Realizam-se também festas anuais em honra a Nossa Senhora de Fátima (Maio, dia a fixar), S. Martinho (11 de Novembro) e Senhora da Conceição (8 de Dezembro).

Cabril

 Em Cabril podem encontrar-se espigueiros e eiras, que são usadas por todos os habitantes da aldeia e destinam-se à secagem de cereais. Atravessando a aldeia em direcção a Norte, do lado esquerdo da estrada, encontra-se o lagar das Olas (lagar comunitário de azeite), recuperado pelo PNPG.

O Fojo da Serra do Gerês situa-se no Fafião, na bordadura meridional da Serra do Gerês, próximo do limite dos concelhos de Terras de Bouro e Montalegre, no extremo ocidental da freguesia de Cabril, concelho de Montalegre. O fojo é facilmente acessível a pé (menos de 10 minutos), directamente a partir da aldeia de Fafião. No percurso Ferral - Cabril existem, ao longo da estrada, alguns medronheiros (Arbutus unedo) e muitos pinheiros silvestres (Pinus sylvestris).  Festa da Senhora das Neves decorre no lugar de S. Lourenço no primeiro domingo de Agosto. É uma romaria importante na região e atrai diversos locais e forasteiros.

Soajo

Soajo já teve vários forais, tendo o último sido concedido em 1514. Mais tarde, viria a ser concelho, abrangendo as freguesias de Ermelo e Gavieira, mas foi extinto em 17/02/1852, em consequência das reformas liberais. Esta freguesia tem uma área de cerca de 3913 hectares e situa-se a cerca de 20 km da vila de Arcos de Valdevez. É delimitada a Norte pela freguesia da Gavieira, a Este pela Espanha, a Sul pelas freguesias de Lindoso e Britelo e a Poente pelas freguesias de Gondoriz, Cabana Maior, Vale e Ermelo.

A aldeia do Soajo está implantada numa das vertentes da Serra da Peneda, sobranceira ao Rio Lima.  A sua história já vem de longe. Consta que terá sido fundada no século I, mas só no século XVI lhe foi atribuída carta de foral. Desde a fundação da nacionalidade portuguesa que o seu povo goza de privilégios. Quando outras localidades de Portugal invocavam a liderança espanhola, o Soajo reconhecia o rei de Portugal como legítimo e isso valeu-lhe vários direitos. Os habitantes da região eram designados por monteiros, em virtude de a sua principal actividade ser a caça. Ursos, javalis, cabras-bravas, lobos e raposas eram as espécies capturadas. Em 1852, o Soajo viria a perder o direito a sede de concelho. Porém, não perdeu a sua peculiaridade. Ainda hoje, as ruas são pavimentados com lajes de granito e as casas construídas com blocos de pedra.  A vida em comunidade sempre foi muito importante nesta aldeia. Até há cerca de um século atrás, o Soajo tinha um juiz eleito pelo povo.Enquadrada numa região de rara beleza, esta aldeia tem outras curiosidades nas suas imediações, como as Antas do Soajo, a Ponte Velha e o Miradouro do Côto Velho.

A aldeia do Soajo é famosa pela sua eira comunitária constituída por 24 espigueiros, todos em pedra e assentes num afloramento de granito. O mais antigo data de 1782. Estes monumentos de granito foram construídos na altura em que se incrementou o cultivo do milho e serviam para proteger o cereal das intempéries e dos animais roedores. Parte destes espigueiros são ainda hoje utilizados pelas gentes da terra.

Junto à capela existe um moinho em ruínas designado por moinho do convento. Coberto pela vegetação, ainda possui cobertura e alberga os equipamentos de moagem.

O Pelourinho é um monumento rude, de menor valor artístico e etnográfico, é um testemunho do tempo em que esta população serrana foi vila. Sobre três degraus assenta a coluna, em cuja parte superior, sem capitel, aflora uma carta rudemente lavrada. No alto da coluna, insolitamente, existe uma grossa laje de forma triangular. Segundo a tradição, o Pelourinho do Soajo, representa o pão a esfriar na ponta de uma lança. Consta que no reinado de D. Dinis, os monteiros se terão queixado dos abusos de fidalgos, pelo que o monarca terá dado ordem para que estes não se demorassem ali mais do que «o tempo de esfriar um pão na ponta de uma lança».

A Ponte da Ladeira tem como característica principal um único arco de aduelas estreitas, construído sobre as bases sólidas de dois paredões, que originam um tabuleiro em dupla rampa ou um pequeno cavalete com parapeitos baixos.

Próximo da capela existem muitas ramadas que se prolongam pela povoação dentro, marcando a paisagem. Todo o percurso é muito valorizado pela presença da vinha. Junto da capela, na beira da estrada, há algumas oliveiras. Há também um castanheiro; ao longo da estrada podem encontrar-se muitos mais.

Realiza-se uma feira todos os primeiros domingos do mês que é motivo de convívio para as gentes da terra.



"Estou a vingar-me mais uma vez, a olhar esta  Geira Romana e os seus marcos delidos.
Estou a vingar-me de quantos Césares o mundo tem dado, convencidos de que basta mandar fazer calçadas e pontes, gravar numa coluna a era e o nome, para que a eternidade fique por conta deles.”

Miguel Torga, Diário IV

A Geira - Via Romana XVIII

Com  a conquista romana deste território rasgam-se sólidas vias que atravessam as monatanhas, riscam-se os primeiros cadastros, a exploração dos recursos mineiros intensifica-se e acentua-se a primeira uniformização politica da região sob o dominio imperial. Todo este território é, a partir do seculo I d.C. integrado na provincia romana da Calaecia, com capital em Bracara Augusta (actual Braga).É então que é contruida a estrada da Geira,  na serra da Gerês, um troço da via XVIII do Itenerário  de Antonino, ligado Bracara Augusta à Asturica Augusta (actual Astoga). Atravessa a serra do Gerês e penetra em espanha pela Portela do Homem. O percurso único, o mais monumental complexo arqueológico romano localizado no parque Nacional da Peneda - Gerês (PNPG), mantêm os seu 30Km quase intactos, com as suas pontes, muros, casas e dezenas de marcos milenários a assinalar as várias milhas (integradas no PNPG estão as milhas XXVII a XXXIV), muitos dos quais epigrafados com incrições datáveis entre o final do século I e o século IV d.C. que perpectuam a memória de governadores e imperadores.

A Via Romana nº 18 do Itinerarivm Antonini ( um roteiro do séc. IV que chegou até nós), popularmente conhecida por “ Geira” é uma das estradas militares construída presumivelmente no ultimo terço do séc. I d.C.,  ligando Bracara Avgvsta a Astvrica Avgvsta ( actual Astorga). Num percurso de 215 Milhas.

A justificação da sua construção encontra-se talvez na necessidade de que as legiões sentiram de poderem penetrar mais rapidamente nas montanhas desta região.

 

Como seu traçado extremamente bem estruturado por permitir galgar vários tramos de montanha sem subidas ou descidas muito acentuadas, encurtou-se também a ligação entre aquelas duas cidades, até ali só possível pela via  de Aquae Flavaie ( actual Chaves).

As características da estrada romana da “Geira”, aliando uma construção solida a um traçado harmonioso, e o facto de ser durante séculos a melhor e talvez única via que atravessava a Serra do Gerês, tornando-se uma rota quase mítica para os povos da região, que a foram restaurando e utilizaram praticamente até ao nosso século.

Saindo de Bracara Avgvsta e ligando os actuais concelhos de Amares e Terras de Bouro, a “Geira” atravessa o que é hoje o território do

PNPG. Marginando o rio Homem entre as zonas de S. João do Campo e a Fronteira da Portela do Homem, ai se internando por terras da actual Galiza.

 No seu percurso, ainda hoje se assinala o traçado entre as milhas XXVII e XXXIV, na sua maioria evidenciadas por grupos de Milíarios, muitos dos quais epigrafados e cuja densidade por milha é um facto sem paralelo no mundo romano. Outros vestígios arqueológicos neste traçado, como os restos de estruturas de pontes, uma Mutatio ( estação de muda) junto da milha XXX e a presença de um possível templo na Veiga de S. João do Campo junto á milha XXVII, fazem deste conjunto um dos mais notáveis e monumentais complexos arqueológicos ligados á conquista romana do nosso noroeste, ainda para mais integrado no interior de uma  das mais importantes Reservas Nacionais do PNPG, como é a Mata da Albergaria.

Acerca dela, escreveu em 1728 o Pe. J. Matos Ferreira:

"Destes caminhos que de Braga sahiam, o mais magestoso e admirável he o da Geyra, que toma a parte Norte pela aspereza das terras que passa, bosques e terras que corta e imminencia que segue, maravilha rara, e obra muyto sumptuosa e estupenda para os passageiros que a seguem, porque nela achão todo o genero de delicias que podem apetecer."

No tempo em que o caloroso estio tudo abrasa com seus ardentes rayos, na Geyra se acha a aura fresca que Aquilo e Zefiro lhe comunicão, e pellas grandes terras que por ella se vão descubrindo, achão tambem a mais deleitavel vista e emprego dos olhos.Quando o procelloso Inverno tudo allaga com suas enchentes e inundações, nella tem os viandantes os portos mais seguros e caminho livre dellas; porque he estrada que vay sempre por terras altas, e não recebe em si ajuntamentos de agoas.

 
He caminho de grande recreação para a vista, e muyto suave e facil para passageiros e de grande descanso para as cavalgaduras e toda a casta de animais. Em todo elle se não acha nada de sobida ou decida; porque nas partes, a donde as havia de haver, faz hum gyro ou volta com que sempre he caminho cham e plano.

(...) He tambem cousa magestosa os muytos padrões ou colunas que nella se veem (Marcos Miliários), sendo pedras de extrema grandeza, postas todas em demarcação das milhas; porque adonde fazião milha he que as punhão, servindo-lhe de marcos com os quais demarcavão as milhas que começavão a contar da cidade de Braga (...), e nas ditas colunas escrevião os titulos e façanhas de seus Emperadores; para que se eternizassem, escritas naquellas colunas ou padrões postos na estrada militar da Geyra, que, como hera a mais publica e frequentada, assim fossem os seus nomes e proezas."

A Via Romana da Geira, também consta da rota dos Caminhos de Santiago em Portugal, por na Idade Média ter começado a ser percorrida pelos peregrinos ostentando a simbólica vieira.

  



Mapa da Geira

 

 

Outras Marcas Culturais:

Silha

Era uma estrutura que protegia os cortiços do apetite por mel do urso-pardo Ursus arctos que vagueou por estas terras até meados do século XVII.
As silhas eram construídas com blocos de granito (abundante na região), em parede dupla, com muros ligeiramente inclinados para fora, sendo a fiada superior ligeiramente saída e com altura sempre superior a 2,8 m. No seu interior, dispostos em pequenos socalcos e travados por pedras, eram colocados os cortiços, de forma circular e feitos de cortiça (daí o nome) e cobertos com um telhado de colmo. Algumas das silhas tinham pequenas portas que davam acesso ao interior.
As silhas, de forma a favorecer o trabalho e a saúde das abelhas, eram sempre construídas em encostas ensolaradas e abrigadas do vento, voltadas a nascente/sul. Eram construídas perto da água e de vastas extensões de matos formados por plantas melíferas, compostos por urzes (Erica spp.), carqueja (Pterospartum tridentatum ssp. tridentatum), tojo (Ulex spp) e giestas (Cytisus spp.).

Fojo do lobo

Trata-se de uma armadilha usada no passado pelas populações para atrair e matar este mamífero. O lobo-ibérico Canis lupus signatus tem neste Parque Nacional um dos seus últimos refúgios. Trata-se de uma espécie com o estatuto de proteção de "em perigo" de extinção. Segundo ALVARES, et al (2000), os fojos, na maioria dos casos construídos em pedra, serão, talvez, o símbolo máximo das manifestações culturais a nível ibérico da relação, tantas vezes fatal para o lobo, entre as populações humanas e aquele predador. "São estruturas cuja construção envolveu um enorme esforço e grande número de pessoas, sendo, também, verdadeiros monumentos de elevado valor etnográfico, cultural e científico."
A nível mundial, o norte da Península Ibérica parece ser a região onde existem fojos em maior número e variedade". "De acordo com a sua tipologia e modo de utilização existem 5 tipos distintos de fojos: o Fojo simples; o Fojo de Cabrita; o Fojo de paredes convergentes; o Fojo de alçapão; e o “Corral”. À exceção do fojo simples, com distribuição generalizada, as restantes estruturas distribuem-se maioritariamente nas serras agrestes do nor-noroeste Ibérico, estando, aparentemente, ausentes nas zonas baixas e planálticas mais humanizadas". (in Os Fojos dos Lobos na Península Ibérica. Sua Inventariação, Caracterização e Conservação).

Brandas e inverneiras

As brandas podem ser brandas de cultivo ou brandas de gado e localizam-se no planalto ou em chãs de altitude. São núcleos habitacionais temporários cujos terrenos são usados para a agricultura ou alimentação do gado, durante a primavera/ verão, quando essas áreas de montanha apresentam condições mais favoráveis a essas atividades. Em contraposição às brandas surgem as inverneiras - núcleos habitacionais onde as populações passam o outono e inverno (daí o nome). Presentemente, nessa transumância imposta pelas condições agrestes do meio, nas aldeias que ainda mantém essa migração, as populações apenas transportam consigo o gado e alguns haveres.

Referencias: municipio de Terras de Bouro e website panoramico e icnf




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